Como tecer mundos cooperativos e regenerativos nas grandes cidades? Como encontrar práticas que desviam da marcha do progresso civilizador fadado a nos levar às ruínas? Como especular outros imaginários de futuro do habitar humano levando em conta que ele é ancestral e que só pode ser feito com práticas no presente? Como fazer da universidade e da cidade um espaço coletivo de experiências afetivas que considera a alegria e o cuidado com os demais seres que coabitam os territórios conosco?
Estas são algumas perguntas que trilham o caminho deste programa de extensão que trabalha em conjunto com as comunidades e com o Grupo de Pesquisa e o Ateliê de mesmo nome da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Diante das crises climáticas, repensar as cidades se faz tarefa urgente. O Rio de Janeiro é um voraz consumidor de recursos e um grande produtor de resíduos, poluição e exclusão. Repensar este grande aglomerado urbano a partir da perspectiva da floresta é aprender com a Mata Atlântica, com experiências comunitárias locais e com as sensibilidades afro-ameríndias a ser floresta. O habitar humano, ao invés de destruir, pode participar de uma teia de vida colaborativa entre diversas espécies e contribuir para uma economia cíclica que produz vida com diversidade existencial e poética. Tal perspectiva, questiona as práticas hegemônicas de planejar, projetar e construir os ambientes. Diante do Antropoceno, a floresta e a cidade podem deixar de ser ideias antagônicas e passar a estabelecer relações curativas nos assentamentos humanos.